quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A CONTRUÇÃO DO MODELO SOVIÉTICO

Embora o processo que em 1917 culminou na queda do czar na Rússia seja referido habitualmente como "revolução russa", podemos nele distinguir pelo menos duas fases distintas, duas revoluções: Uma no início do ano, em Fevereiro e outra em Outubro.
Os motivos que se seguem são a justificação que faltava aos russos para derrubarem o antigo regime autocrata do czar Nicolau II e que envolveram também uma situação económica atrasada: a agricultura era bastante rudimentar e com falta de inovações; a industrialização, se já era frágil, apenas se deu às custas de investimentos estrangeiros; o comércio era pouco dinâmico e as vias de comunicação e meios de transporte insuficientes.
A situação política, como já referido anteriormente, não agradava à população, que via no czar todos os poderes concentrados.
Também se faziam sentir tensões sociais entre os camponeses que correspondiam a 85% da população (mujiques) e os grandes proprietários (boiardos); os operários (apenas 2%) viviam miseravelmente e até a burguesia e nobreza liberal aspiravam por uma abertura política e a modernização do país.
A Primeira Guerra Mundial serviu para o agravamento da situação na Rússia, dado que a economia piora em detrimento da sustentação das despesas de guerra, que apenas traziam fracassos militares ao país.
Para além de tudo isto, existia ainda uma evidente oposição dos três partidos: O Constitucional Democrata, os Socialistas Revolucionários e os Sociais Democratas, todos disputando o governo russo.
Foi portanto na primeira revolução(Revolução Liberal) que os Russos viram a queda do czar , quando burgueses liderados por Lvov e Kerensky assaltaram o Palácio de Inverno. Implantou-se então um Governo Provisório (à maneira ocidental) em cujas mãos ficou o destino da Rússia. No entanto levantaram-se problemas em relação a este governo tais como a permanência na guerra; a dualidade de poderes e as reivindicações de uma sociedade socialista que abrisse caminho ao comunismo.
É então que aparece Lenine e com os seus ideais marxistas levou a cabo outra revolução, desta vez a Revolução Soviética,liderada por Sovietes e Bolcheviques, em Outubro de 1917, que derrubou o Governo Provisório. Os seus objectivos assentavam numa Ditadura do Proletariado ( Etapa por que deve passar a revolução socialista antes de implantar o comunismo.Deve desmantelar a estrutura do regime burguês e eliminar a desigualdade social),o fim da Rússia na Primeira Guerra Mundial (Tratado de Brest-Litovsk)e em decretos revolucionários.
Lenine assume o controlo da Ditadura do Proletariado ou Comunismo de Guerra. Primeiramente recorreu à nacionalização de todos os bens (terras, fábricas, comércio interno e externo,transportes e bancos); Institucionou o trabalho obrigatório dos 16anos aos 50; obrigou todos os camponeses a entregarem as suas colheitas; atribuíu salários de acordo com o rendimento; dissolveu a Assembleia Constituinte; Instituiu um partido único (Bolchevique/Comunista; Criou polícia política (tcheca), censura e campos de concentração e por fim cria a URSS.
Mas também esta revolução se deu mal na Rússia. O decreto sobre a terra e sobre o controlo operário que abolia a grande propriedade e entregava-a a sovietes, foi mal recebida pelos proprietários e empresários; a economia continuava desorganizada; os bolcheviques perderam as eleições e em 1918 começou uma guerra civil (brancos contra vermelhos).
O Comunismo de Guerra cedeu lugar à Nova Política Económica (NEP- 1921-27) que visavam a recuperação agrícola, industrial e comercial.
Na agricultura tomaram-se medidas tais como a substituição das requisições por um imposto em género e a permissão de existência de pequenas unidades de produção agrícola com menos de vinte trabalhadores.
Na indústria procedeu-se à desnacionalização de empresas com menos de vinte operários; à importação do estrangeiro de técnicos, máquinas e matérias-primas; incentivo ao investimento estrangeiro- sociedades de capitais mistos; e supressão do trabalho obrigatório e atribuição de prémios para estimular os trabalhadores.
No domínio do comércio, deu-se a liberdade de comercialização interna.
Como efeito destas novas medidas, o país viu uma recuperação industrial e agrícola; a diminuição do desemprego; a modernização da Rússia - construíram-se as primeiras centrais hidroeléctricas, aumento da produção da hulha, petróleo e aço; e o aparecimento de uma nova burguesia de médios proprietários rurais (Kulaks) e homens de negócios, industriais e comerciais (nepmen).

AS DIFICULDADES NA RECUPERAÇÃO DA EUROPA E A DEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS

A guerra arrasou grande parte da Europa. Esta vivia em sérias dificuldades do pós-guerra. A reconstrução dos países endividou os Estados, mergulhando a Europa num estado caótico, ao terem sido destruídos todos os impérios e estruturas sociais, económicas e políticas.
A Primeira Guerra Mundial proporcionou uma grande primazia à nação emergente (EUA) e fez com que as potências europeias se tornassem cada vez mais dependentes dos EUA, uma vez que estes se tornaram a principal fonte de créditos e equipamentos bélicos.
Contudo, houve países como o Canadá, Brasil, Argentina e Japão, que aproveitaram para se desenvolverem.
A crise do pós-guerra fez com que os preços descaíssem astronómicamente e que houvesse excessos de produção em relação às possibilidades de compra, o que anulou o relativo equilíbrio anterior.
Os EUA sofrem também uma crise passageira (1920-1921) com falências, baixas de salários, desemprego e conflitos.
Em 1922 começa a recuperação dos EUA com o relançamento da actividade industrial. Isto implica inovações tecnológicas assim como o desenvolvimento de métodos de racionalização do trabalho (estandartização e taylorismo).
A partir daqui os EUA reafirmam a sua hegenomia industrial mundial, com o alimento da procura tanto interna como externa. O nível de vida das pessoas melhora e as cidades reanimam-se, com uma vasta gama de actividades culturais e de lazer, próprios de uma nova era de prosperidade.
Este período ficou conhecido como os "loucos anos 20", um período em que se cultivava o interesse pela moda, música, pelo espetáculo e pelo desporto.

CRISES CÍCLICAS DO CAPITALISMO INDUSTRIAL

Finalizado o conflito, as economias europeias registaram grandes e naturais dificuldades de reconversão.
A industria Americana, que se encontrava em expansão, fomentava o aumento da procura. Os preços sobem segundo as leis da oferta e da procura gerando grandes lucros, que dão oportunidade aos empresários de investirem grandes capitais nas indústrias. O poder de compra da população é um estímulo ao aumento da produção, que por isso necessita de maior número de mão-de-obra e portanto, postos de trabalho são acrescentados.
É aqui que a situação se reverte, quando se inicia a saturação dos mercados americanos: dá-se uma diminuição da procura - Uma vez que a Europa deixa de ter dinheiro para importações - e os preços baixam. A quebra de lucro e a deflação fazem com que as empresas entrem em falência com a diminuição da produção e consequente aumento do desemprego.
A diminuição do consumo leva a uma inevitável crise, a chamada crise dos anos 20 (1920-1921) que foi rapidamente ultrapassada.

TRANSFORMAÇÕES DO PÓS-GUERRA

As consequências imediatas da Primeira Guerra Mundial foram as baixas humanas. Cerca de um décimo da população perdeu a sua vida nos campos de batalha e muitos dos que regressavam estavam incapacitados, tornando-se um fardo para a sociedade.
As alterações económicas deixaram a Europa completamente desorganizada. Os prejuízos da destruição de campos agrícolas, fábricas, vias de comunicação e minas assolaram a Europa. Deu-se a desvalorização monetária que fez com que os preços aumentassem e, consequentemente, a inflação e endividamento dos Estados. Por outro lado, algumas colónias começavam a desenvolver-se, é o caso da Nova Zelândia, Austrália e Índia.
Apareceram novos estados, a maioria com regimes democráticos, exceptuando a Rússia que desenvolveu o marxismo-leninismo.
A Europa perdeu muitos dos seus mercados em favor dos EUA, que iniciava agora a sua asensão, uma vez que a Europa era então a sua devedora.
Relativamente à defesa da paz, deu-se forma a diversos tratados e armistícios (Como o de 11 de Novembro de 1918, que pôs fim à Primeira Guerra e marcou a derrota das forças germânicas e seus aliados; a Conferência da Paz, liderada pelos EUA, França e Grã-Bretanha, onde foi assinado o Tratado de Versalhes, cujo texto foi imposto à derrotada Alemanha (28 de Julho de 1919); o tratado de Saint-Germain-en-Laye (Áustria), Trianon (Hungria) e Neuillye de Sèvres (Império Otomano).
O garante desta nova ordem seria a Sociedade das Nações, instituída pelo Tratado de Versalhes, que tinha agora dois grandes objectivos: o da paz e segurança no mundo e do desenvolvimento da cooperação entre as nações baseado no parlamentarismo.
Contudo, porque baseada em equívocos, a sua acção viria a revelar-se insuficiente para o deflagrar de um novo conflito.

ANTECEDENTES DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

A Primeira Guerra Mundial teve início em 1914 e terminou no ano de 1918. Para determinarmos o seu início é necessário recuarmos no tempo e avaliarmos os motivos que levaram os países a declarar guerra.
Antes da primeira guerra, na Europa existia uma enorme diversidade política. A maior parte dos países possuíam regimes democráticos, porém havia ainda quatro impérios - Império Alemão, Austro-Húngaro, Russo e Otomano - cuja ideologia política era o autoritarismo. Estes impérios anexavam outros países, que desejavam a liberdade e independência dos impérios, tarefa que não era fácil uma vez que estes mesmos impérios pretendiam reforçar o seu imperialismo.
Entretanto as disputas coloniais e rivalidades económicas opunham cada vez mais os países europeus. Aqueles que eram industrializados ambicionavam possuir colónias para extraír matérias-primas e obter mão-de-obra e mercados, nem que para isso fosse necessário retira-los directamente a outros países. Para isso era também necessário que existisse a Liberdade de Navegação.
As tensões nacionalistas faziam-se sentir. A França exigia à Alemanha a devolução de Alsácia e Lorena; A Polónia, que desejava tornar-se um estado independente, estava repartida entre a Alemanha, a Rússia e a Áustria; e também a Península Balcânica queria livrar-se do domínio austríaco ou turco.
Outro factor decisivo para o rebentar do conflito e para a sua dimensão mundial foi o sistema de alianças estabelecido nesse período, isto porque os países ao sentirem-se ameaçados decidiram reunir-se entre si, formando então a Tríplice Aliança, constituída pelo Império Alemão,Austro-Húngaro e Itália, juntando-se mais tarde a Bulgária e o Império Otomano. A Tríplice Entente era formanda pelo Império Russo, Inglaterra e França, a quem se foi juntar os EUA; Brasil, Portugal, China, Japão e mais tarde ainda a Itália, saída da outra aliança.
Mas o verdadeiro despotar da Primeira Grande Guerra deu-se quando em Sarajevo, o príncipe-herdeiro do Império Austro-Húngaro (Arquiduque Francisco Fernandes) foi assassinado, juntamente com a sua mulher, por um estudante sérvio. A Áustria culpa a Sérvia do atentado que serviu para o desencadeiar da Primeira Guerra Mundial.